Sem Título. Capítulo Um. Parte 1 de 4
Frederico estava olhando pela janela
com uma xícara de café em mãos, logo sairia para trabalhar, mas ainda estava de
cueca observando o sol nascer, ele gostava da sensação que o nascer do sol lhe
causava, a tranquilidade e o calor que aos poucos tocava sua pele clara. Fred
morava no apartamento 123 do nono andar do único edifício que havia na rua,
trabalhava com publicidade e propaganda e era bom no que fazia, sentia-se
satisfeito com seu salário, com seu trabalho e feliz por estar completando
vinte e cinco anos.
Sempre que passava em frente ao
restaurante ao lado de seu prédio, quando ia ao trabalho, dava cinco reais ao
pedinte sentado em frente à porta de entrada. O garoto estava sujo, ora
descalço, ora com um chinelo velho, um gorro verde em sua cabeça e roupas
rasgadas. Fred sentia-se um ignorante não o ajudando, as pessoas sempre faziam
isso, passavam e ignoravam a mão estendida do garoto e continuavam suas vidas
maravilhosas enquanto ele ficava ali dia e noite – obrigado senhor, Deus te abençoe
– Fred sorria e seguia seu caminho até o trabalho a pé, como sempre, já que o
caminho não era tão longo.
Assim que a porta do elevador abriu no
andar onde trabalhava viu todos da empresa com cones coloridos na cabeça, ele
ganhou um enquanto cantavam “parabéns pra você” e assoprou as velas sobre o
bolo com cobertura de chocolate segurado por Patricia, sua secretária – desejo
que seus sonhos se realizem, Fred – ele sorriu para ela, eles eram mais do que
empregada e patrão, se tornaram melhores amigos depois de um rápido
relacionamento – obrigado, mas meus sonhos já se realizaram, está na hora de
ajudar a realizar o sonho dos outros – todos ao redor riram, Fred apenas sorriu
e após comer um pedaço do bolo, tomar alguns copos de refrigerante voltaram a
trabalhar.
Hora do almoço. Fred convidou Patricia para almoçar em sua casa, passaram
pelo garoto que comia seu almoço em uma marmita grande e seguiram para dentro
do prédio, rumo ao elevador – o que será que aconteceu com aquele garoto? – Patricia
perguntou. Fred lembrou-se de ter perguntado uma vez e ele correu,
provavelmente assustado:
– Eu
não faço a mínima ideia, mas sinto que deveria ajudar, sabe – Patricia se
espantou.
– Ajudar
como? Acho que só levando para algum tipo de entidade, dessas que ajudam
crianças e adolescentes...
– Eu
pensei em trazê-lo pra casa, estou pensando nisso há algum tempo.
– PRA
SUA CASA? Você não sabe de onde esse garoto vem, não sabe o que ele pode fazer
pelo amor de Deus Fred, não faça isso.
– Não
se preocupe, é só uma ideia.
– Tenho
medo de suas ideias – chegaram ao apartamento e seguiram em direção a cozinha –
procure uma entidade e ligue que eles virão buscá-lo, um orfanato, algo assim.
– Vou
pensar no assunto.
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