Um pedido

- Eu acho que devíamos namorar escondido! - ele disse enquanto secava os copos que ela lavava.
- Por que? Você tem vergonha de mim? - ela parecia preocupada.
- Não é isso, é que... eu... eu só quero aprender a te amar direito antes de fazermos isso com outras pessoas olhando - ele estava fitando o chão.
- Isso é estranho, nunca fiz isso.
- Isso é um sim? - ele sorria.
- Não.
- Não? - a alegria se esvaiu de seu rosto.
- Não é um sim e nem um não.
- Eu tenho vergonha de você - ele estava sentado na mesa da cozinha, balançando os pés e olhando para eles com o pano de secar louças na mão.
- Ah, bom saber - ela resmungou ironicamente.
- Não de você como pessoa, mas de mim que eu tenho vergonha. Como explicar... Eu tenho vergonha, por exemplo, de encostar em você em busca de carinho...
- Estou ouvindo.
- Vergonha de te beijar, não sei se é vergonha a palavra, talvez medo, ou talvez falta de alguma coisa...
- Falta de intimidade.
- ISSO! Falta de intimidade, mas eu gosto de você, já deixei isso bem claro faz tempo.
- Não o bastante pra me fazer acreditar.
- Quantas vezes eu preciso dizer pra você acreditar que gosto muito de você?
- A pergunta não é essa.
- E qual é?
- O que precisa fazer pra me fazer acreditar que você gosta de mim!
- E o que eu preciso fazer?
- Me beija e depois eu te dou uma resposta pra sua primeira pergunta.
- Eu posso? - ele estava de pé próximo a ela.

Ela apenas afirmou com a cabeça enquanto ele deslizava suas mãos pela cintura dela e a trazia para perto de seu corpo. Seus lábios se tocaram suavemente enquanto sentiam a delicadeza de um beijo apaixonado. O tempo parecia ter parado, os sons ao redor, silenciados e as batidas de seus corações, aumentadas.

- E? - ele perguntou.
- E o quê? - ela parecia perdida.
- A resposta para minha pergunta!
- Ah, a pergunta. Deixa eu pensar...
- Você só tem duas opções, fácil.
- Não.
- Não? - ele se surpreendeu - O que eu fiz de errado? - ela saiu de perto dele e caminhou para a sala.
- Você é bom demais pra mim. Não mereço isso.
- Mas eu quero estar com você, só isso.
- Mas...
- Não tem desculpas, eu posso te tornar uma pessoa melhor e você pode me tornar uma pessoa melhor. Somos feitos...
- ...um pro outro!
- É! E eu sei que você gosta de mim.
- Ah, é?
- Se não gostasse, não deixava eu te beijar, não é!?
- Sim - ela sorria.
- Viu só.
- Sim - ela o encarava sorridente.
- Ok - ele a encarou, achando-a estranha.
- Sim.
- Sim? - seu rosto se iluminou.
- Sim.

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