Um divã para dois

Sinopse: Um casal que está junto há mais de 30 anos decide participar de um final de semana intensivo de terapia, para examinar os problemas de intimidade que ameaçam seu casamento.
A sinopse está mal feita, credo. O filme conta com Maryl Streep como Bay, a esposa; e com Tommy Lee Jones como Arnold, o marido. Na minha humilde opinião, o casal ficou perfeito com os devidos papeis e toda sua bagagem, talvez eu tenha dito isso por gostar dos atores, mas eles são bons. O casal vive sua rotina e comemoram 31 anos de casados, mas não há toda aquela chama de quando se está recém casado. E por mais que eles estejam envelhecendo ainda pode haver a tal chama. Bay é quem deixa transparecer sua preocupação com a vida do casal, ela é quem dá o passo para iniciar a terapia de casal (paga as taxas do 'consultor' com suas próprias economias) e seu marido, ranzinza bully decide não ir, mas sabemos que a conversa com o seu amigo (que perdeu a mulher; ele não diz, você percebe pela conversa) ajudou na decisão de agradar a mulher ao invés de contrariar.

A terapia tem seus padrões de análise e para o casal falta resgatar a intimidade que tinham antes. Não dá certo. Arnold não coopera e sem papas na língua transmite toda sua raiva sobre o consultor (não foi briga, ele apenas fala o que pensa quando está incomodado), mas é evidente que ele está com medo, não medo de sua mulher, mas medo de tentar resgatar o que tinham. Ele sabe que o casamento está meio 'murcho', mas não dá o braço a torcer para fazer dar certo. Reclama sempre, de pronto não topou fazer os exercícios que o 'consultor' propôs, mas depois do 1º (o abraço por longo tempo) foi mais fácil. Ele ainda reclamava, mas foi ficando mais fácil, havia uma disposição ali dentro dele, talvez bem no fundo.
Eles brigam, sim, ela até vai ao bar beber vinho branco depois de chorar por causa dos resmungos pessimistas de Arnold, mas ela está disposta a tentar recuperar seu marido e eu consegui sentir que ele também queria, mas parecia estar preso por algo, não é fácil de identificar o que era que o prendia, mas você descobre conforme vai vendo o filme. Ele estava acostumado com toda a situação que tinha no casamento, com a rotina. Nunca havia à traído, confessou, mas se habituou a tudo apesar de sentir falta de algumas coisas (sexo) enquanto ela sentia falta do 'ele todo' (amor), mas ele também sentia falta do amor dela, não confessou, mas sentia.

A terapia continua, a próxima lição era de se tocarem sexualmente e ela tenta e ele não a deixa. O terapeuta afirma medo, mas ele diz que não era medo "não tenho medo de minha mulher". Uma tentativa mais ousada foi de se tocarem de forma arriscada (no cinema) onde ela se dispôs a fazer sexo oral para agradá-lo (ele gosta e diz sentir falta), mas não consegue manter um ritmo naquele local proibido (usou os dentes) e ficou chateada por chateá-lo. O 'consultor' conversa com ambos sozinhos e fala sobre a perda, não estavam querendo perder um ao outro e Arnold tenta, com sucesso quase total, levá-la para jantar, como manda o figurino, em um restaurante bacana, comida bacana, conversa bacana, um quarto de hotel bacana para poderem tentar seguir mais adiante com o passo 'sexo'. Estamos em busca de intimidade, sexo é uma grande intimidade a esse casal que não se tocava a anos. Tudo estava muito lindo e engraçadinho até a hora penetração falhar, não por ele não funcionar, estava funcionando, mas quando ela lhe segurou o rosto para olhá-la... Falhou. Aquilo arrasou ela. Neste momento entendi via filme o significado de tesão masculino para a mulher.

O casal tem que voltar para sua casa, já se foi uma semana e Arnold alega 'falharem'. Bay havia desistido, mas sabia que precisava fazer algo. Ao chegar agiu normalmente, dentro da rotina de sempre e ele refletiu. Refletiu até ter a atitude de ir ao quarto dela (dormiam em quartos separados) e mostrar o quanto ele a desejava de 'corpo e alma'. No dia seguinte já estavam diferentes, ela estava radiante e ele, apesar da cara ranzinza, se mostrou mais atencioso com ela e ao se despedir para ir ao trabalho lhe beijou com fervor até esquecendo-se da maleta. Foi lindo. Opinião própria? O filme é lindo, fiquei em dúvida sobre qual ver da lista Globo de Ouro 2013, mas acredito que foi uma escolha maravilhosa. Tem que assisti-lo sem pausas (e eu pausei várias vezes por longos períodos) para conseguir sentir o drama do filme. Já disse que adoro dramas, não? Mas prefiro ver sozinho para não chorar perto dos outros, caso eu chore (nesse não chorei, mas fiquei feliz pelo casal). Enfim, lindo!

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