
Eu estava com dez reais em meu bolso. Dinheiro do dia para meu almoço e passagem de ônibus, já que meu passe estudante ainda não está pronto, também levando em meu braço cinco apostilas xerox dos livros que serão utilizados nas disciplinas atuais (Logística; Direito; Economia; Organização, Sistemas e Métodos (OSM); Contabilidade) para avaliar o que seria necessário para mim também tirar meus malditos xerox. Meu amigo me entregou dez reais e requisitou que eu tirasse cópia de uma das apostilas que conta com 86 folhas, sendo 0,10 centavos por folha temos o montante de 8,60. Falei que tiraria para ele. Após o almoço os vinte reais que eu tinha no bolso se transformaram em treze reais. No bendito momento em que pedi a mocinha para tirar a cópia da apostila de OSM percebi que se tratavam de folhas frente e verso, o que nos leva a transformar as 86 páginas em 172, logo 17,20. Lembram de quanto eu tinha no bolso? Sim, 13 reais. Já estava quase no fim quando vi que era frente e verso e me toquei a forma como seria cobrado, mas mesmo pedindo que ela deixasse as ultimas folhas sem tirar, a máquina gigante já as tinha engolido e eu estava recalculando pela terceira vez o valor das cópias. No fim eu entreguei os treze reais e fiquei devendo 3,30 (algumas folhas não eram frente e verso, eram só frente, por isso a diferença) para pagar na segunda-feira.


O dinheiro estava novamente existindo em meu bolso e, eu já estava indo para casa ouvindo minhas músicas de sempre, um pouco suado, cansado e com fome. Assim que cheguei, reclamei do dia para minha mãe (nem reclamei, foi um bom dia) e me banhei para ir visitar a namorada com o irmão e vermos o filme Caça aos Gângsteres banhado a coca-cola, doritos, bis e barra de chocolate. Por mais que tenha sido uma situação estranha e chata, no fim eu sempre vou achar divertido, assim como todas as situações problemáticas que acontecem em minha vida (não todas, claro). Vou chorar pra quê? Não vai resolver, muito menos ficar nervoso com alguém ou comigo por ser orgulhoso em não contar a ninguém de prontidão. Resta enfrentar o acontecido e seguir o plano da resolução. Neste dia fugi da rotina de sair do trabalho, pegar o ônibus, chegar em casa, jantar, ver séries e dormir depois de trocar mensagens com minha amada em todo esse trajeto, e fugir da rotina é uma coisa que me agrada. Minha bondade falou mais alto quando vi que a moça que faz as cópias já tinha colocado para xeroxar as folhas, fiquei com dó também do colega de sala que ficaria sem a maldita apostila, estou até pensando em pegar para mim e devolver o dinheiro que ele me deu, só assim todo o esforço e caminhada que sofri seriam em prol de minha pessoa e não dele. Devo deixar de ser bonzinho? Só eu mesmo saberei, mas há a necessidade de prestar um pouco mais de atenção ao universo próximo. Sem mais delongas. Boa noite.
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