Um filme para Dirceu

FACULDADE. Quase 9:30hrs da manhã e o Coordenador aparece na porta da sala, ou melhor, entra na sala durante a aula depois de um breve pedido de licença para poder falar e anuncia o inicio do 10º Festival de Cinema da Cidade. Minha reação interna sempre será: "YES, FILMES" e a reação do resto da turma que concorda com minha reação interna sempre será: "YES, SEM AULA". Todos concordaram em assistir os filmes, mesmo sabendo que certamente a qualidade seria "estranha". Sempre há Longas, Curtas, Animação ou Não. Documentário ou Não. O que eu queria/quero e ver o filme que como sempre eu nunca deva ter ouvido falar do nome ou da sinopse. Não haverá nenhum "Blockbuster".


UM FILME PARA DIRCEU. Programado para começar às 9:30hrs sendo este era o horário em que recebíamos o recado da exibição, resultando na perda do inicio do Documentário de Ana Johann. Pelo que pude acompanhar, acreditando não ter perdido muito, mas ainda assim tendo uma sensação de ter perdido fatos importantes, logo soube que Dirceu é um Gaiteiro (que eu chamava o profissional/artista desse instrumento de Sanfoneiro até alguns meses atrás) em busca de fazer um filme de ficção, onde ele seria um ator com base em uma estória criada por ele que seguia a linhagem de dois amigos, artistas, em busca de sucesso saem a viajar pelo mundo afora em prol do sonho, mas após um acidente Dirceu perderia suas pernas (ou apenas os movimentos, perdi essa parte) e nós, telespectadores, acompanharíamos sua luta, com as atuais condições, no caminho a perseguir este sonho. Só que não é isso que acontece. O filme de ficção que ele gostaria de fazer se torna um documentário sobre um Gaiteiro humilde, extrovertido, galã, talentoso e sincero.
Há tantos outros adjetivos aplicáveis a esse rapaz que vamos conhecendo conforme conhecemos sua história de maneira tão divertida e dramática ao mesmo tempo. Seu sonho em se tornar alguém de sucesso continua e é evidente, nos primeiros minutos, mas os fatos que acontecem em sua vida o fazem perder a perspectiva do que ele realmente gostaria de ter para si. Na maioria dos momentos em que podemos ter essa empatia com Dirceu são as cenas em que Ana (Produtora e Diretora) está ao telefone com ele (sempre no viva-voz) e assim podemos ouvi-lo falar com ela como se fosse uma amiga sua, no fim acredito que eles se tornam amigos, devido ao tempo de caminhada, contando os fatos de sua vida que ela acompanha para documentar no filme. A junção de muitos momentos e pessoas da vida de Dirceu tornam o telespectador um crítico ao fim da exibição e levados aos adjetivos transmitidos por esse cara fica difícil não dar uma ótima nota. Próximo do fim o vemos encontrar um artista que tanto admira (dizendo que o mesmo é responsável por sua melhora em busca de voltar a andar) e se deslumbrar com sua presença e canção sendo tocada ali, enquanto ele estava no sofá ao seu lado. Não é mágico, mas transmite uma alegria imensa saber que Dirceu está feliz. E nem comentei sobre seus namoricos que aconteciam nos bailes em que tocava e a formação de sua família, dito que o mesmo fazia sua caminhada solteiro.

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